Problema Solucionado
Essa ideia surgiu para solucionar um problema grave de infestação de ratos e seus agravos, como problemas de doenças e até a morte de pessoas. O projeto "Revolução dos Baldinhos e Agricultura Urbana" amenizou o grave problema de contaminação de doenças pelo manejo incorreto do lixo. Através da gestão comunitária de resíduos e da compostagem, foi reduzido o número de doenças, higienizaram-se as ruas, e estimularam-se a agricultura urbana e o envolvimento comunitário.
As comunidades que são assistidas vivem em áreas periféricas de Florianópolis, onde a migração é muito intensa, concentrando grande número de famílias em situação de pobreza. Todo esse processo gera sérios problemas como:
-desqualificação profissional;
-desemprego;
-baixo índice de escolaridade;
-desnutrição;
-desestruturação familiar e degradação ambiental.
Esta tecnologia social trouxe soluções para tais problemas, pois, mais que a higienização das ruas e melhoria da saúde da população, o programa integra jovens infratores, produz alimentos saudáveis através da agricultura urbana, promove a articulação comunitária e a ciclagem dos nutrientes, solucionando questões sócio-ambientais.
Descrição
A metodologia deste trabalho é resultado de uma experiência de dois anos, aliada a didáticas de projetos de extensão, baseadas em alguns métodos indicados por Paulo Freire. A exclusividade desta metodologia é a participação de agentes locais desde o momento de estruturação do projeto até as atividades de coleta, sensibilização e transformação do resíduo por compostagem. O projeto preza também o respeito e a autoconfiança da comunidade (com a divulgação do trabalho, por exemplo), mostrando a representatividade deste trabalho e dos agentes que o constroem perante a sociedade. Em resumo, busca-se o empoderamento social e a autonomia dos agentes. Outro fundamento é a capacitação técnica plena dos agentes, que se dá por meio de oficinas e reuniões. Cria-se, ao se articularem esses fundamentos, uma identidade na gestão de resíduos do bairro, que potencializa os moradorers enquanto agentes comunitários transmissores da tecnologia. As famílias participantes ganham baldinhos com tampa para separarem o lixo orgânico (os baldinhos são vedados para evitar o contato com vetores) e, quando cheios, elas os levam até os PEVs (Pontos de Entrega Voluntários), que são bombonas distribuídas pela comunidade, conforme necessidade de cada conjunto de casas. A coleta dos PEVs com resíduos orgânicos acontece duas vezes por semana, com quatro agentes comunitários e um carrinho de mão, designados a coletar as bombonas. O destino é o pátio de compostagem, onde os resíduos são colocados em leiras estáticas e misturados com a proporção adequada de palha e serragem, ativando a compostagem termofílica. Por fim, lava-se as bombonas para devolvê-las aos PEV’s. Para estas etapas acontecerem sistematicamente, não podem faltar os insumos e os agentes capacitados. Através de oficinas de compostagem e agricultura urbana, são capacitados educadores, famílias, gestores públicos e os agentes comunitários. Após o tratamento dos resíduos orgânicos, é produzido o adubo, disposto em hortas comunitárias e quintais, que ficam nas escolas e pequenos espaços das famílias, para plantio de hortaliças, plantas medicinais e ornamentais. Esse trabalho de plantio é executado com auxílio das agentes comunitários, capacitados pelos técnicos do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (CEPAGRO).
O diferencial dessa metodologia é a participação direta e efetiva da comunidade. Hoje consolidamos uma maneira de trabalhar que, durante esses dois anos de atuação, foi lapidada por técnicos, jovens da comunidade e parceiros diretos do projeto, sendo a equipe técnica formada exclusivamente por essas pessoas.
Recursos Necessários
-45 bombonas de 50 litros;
-100 baldes com tampa de 15 litros;
-Um carrinho para transportar as bombonas;
-150 adesivos para baldinhos e bombonas;
-50 placas para os PEVs;
-100 camisetas;
-1000 folhetos do projeto;
-Um terreno de aproximadamente 400 metros quadrados (m2) para realizar a compostagem;
-Um escritório para guardar os equipamentos e fazer as capacitações e as reuniões;
-Um carro com espaço para deslocar materiais necessários (o carro usado é uma caminhonete);
-Quatro pás;
-Quatro enxadas;
-Seis garfos;
-Seis luvas;
-Seis botas;
-Materiais com necessidade mensal:
-10 fardos de palha;
-10 sacos de serragem;
-Quatro bolsas de estágio para os técnicos;
-16 litros de gasolina;
-Um salário mensal para o técnico agrônomo.
Resultados Alcançados
Os benefícios e impactos deste projeto acontecem localmente e globalmente. Localmente, são beneficiadas diretamente 100 famílias com a coleta dos resíduos orgânicos, aproximadamente 500 pessoas, quatro unidades escolares (escolas e creches), aproximadamente 600 pessoas entre crianças e educadores, quatro instituições do bairro que atendem crianças, com aproximadamente 500 pessoas. Somados, serão em torno de 1600 pessoas beneficiadas diretamente. Os impactos estão na diminuição dos ratos com a coleta do resíduo orgânico e a posterior produção de adubo. Mais ou menos 300 toneladas de resíduos orgânicos já foram transformados em adubo, produzindo alimentos orgânicos, plantas medicinais e ornamentais, usado como base para as hortas escolares e quintais das famílias.
Indiretamente, todo o bairro Monte Cristo, com seus quase 30 mil habitantes, foi beneficiado. Globalmente, o projeto agrega enquanto experiência de gerenciamento comunitário de resíduos e contribui para a reutilização do lixo orgânico. Esse modelo de gestão de resíduos está sendo repassado, por exemplo, à prefeitura municipal de Florianópolis, com o intuito de ampliá-lo para outras comunidades e até mesmo para todo o município.
Foram instalados 15 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) para serem coletados mensalmente 10 toneladas de resíduos orgânicos, que serão transformados em três toneladas de adubo orgânico. Eles suprem a necessidade de 25 quintais, quatro hortas escolares e um espaço comunitário.
Foram empregados quatro jovens que eram infratores, e agora trabalham na sensibilização da comunidade e no processo de compostagem e plantio das hortas. Nesse sentido, cabe ressaltar que esse trabalho de gestão comunitária de resíduos traz como resultado a melhora da autoestima do lugar também, além da melhora na saúde e segurança alimentar.
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