Problema Solucionado
A agricultura praticada no município de Tauá, no Ceará e em todo Nordeste tem se caracterizado pelo cultivo intensivo do solo, sem nenhuma preocupação com a sua conservação, uso de agrotóxico e super pastoreio. Essas práticas têm levado a degradação dos solos e intensificado o processo de desertificação, causando problemas ambientais como desmatamentos, queimadas, manejo inadequado dos recursos naturais e colocando os agricultores familiares numa situação de vulnerabilidade. Por outro lado, a ausência de uma cultura de renda, como foi o algodão no passado e a comercialização da produção da agricultura familiar ainda se encontrar nas mãos de atravessadores, dificulta ainda mais a situação dos agricultores familiares. Hoje existe uma demanda não satisfeita de pluma de algodão orgânico para o comércio justo e solidário e empreendimentos da economia solidária, porque a produção do algodão em bases agroecológicas e, principalmente certificado como orgânico, ainda é muito insipiente. É nesse contexto que surge o sistema de plantio do algodão consorciado com culturas agrícolas, usando técnicas de conservação do solo e proteção ao meio ambiente, com a garantia da comercialização do algodão.
Descrição
A tecnologia está voltada para o fortalecimento do conceito de preservação ambiental, entre o público envolvido, que será responsável pela recuperação de áreas degradadas, através da adubação orgânica e do preparo do solo com tração animal, como também pelo desenvolvimento da produção orgânica das áreas de plantio consorciado de algodão, milho, feijão e gergelim, produzido em bases agroecológica. A proposta visa também responsabilidade social e a preocupação com a qualidade de vida dos produtores e dos consumidores, a partir da produção sustentável que se apresenta como ecologicamente correta e saudável.
O plantio do algodão e as outras culturas é feito sem a utilização de queimadas e nenhum agrotóxico. Recomenda-se o emprego das técnicas de conservação do solo (plantio em nível, valetas de retenção de água, enleiramento, adubação orgânica), além do plantio de árvores nativas, seja ao longo de cercas, na margem dos riachos e de açudes, para recompor as matas ciliares ou mesmo no reflorestamento. Com a ampliação do número de agricultores e agricultoras para o plantio do algodão agroecológico, consorciado com milho, feijão, gergelim, e a garantia da comercialização do algodão para o comércio justo e solidário, será possível melhorar significativamente a renda das famílias envolvidas no processo.
A tecnologia consiste na produção, beneficiamento e comercialização do algodão produzido, para empreendimentos do comércio justo como a Veja Fair Trade que fabrica os tênis Veja e Vert e para a Centra de Cooperativa Justa Trama, que forma a cadeia produtiva do algodão agroecológico, da qual a ADEC faz parte. Para beneficiar o algodão produzido pelos agricultores/as familiares associados a ADEC dispõe de uma máquina descaroçadeira e prensa hidráulica. Depois de descaroçado a pluma é prensada e dos fardos são embalados para a comercialização.
A ADEC - Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural desde 1994 desenvolve o trabalho com o plantio do algodão agroecológico consorciado com milho, feijão, gergelim e outras culturas e a geração de renda com a venda do algodão e do gergelim, a conservação do solo e a segurança alimentar. A produção do algodão orgânico tem como objetivos principais a geração e renda, a segurança alimentar e a conservação do solo.
No trabalho é incentivado a produção a partir de técnicas agroecológicas que minimizam os impactos ambientais, oferecendo produtos saudáveis, livres de resíduos químicos tóxicos. Isto possibilita uma maior agregação de valor aos produtos. Recomenda-se o emprego das técnicas de conservação do solo (plantio em nível, valetas de retenção de água, enleiramento, adubação orgânica), além do plantio de árvores nativas, seja ao longo de cercas, na margem dos riachos e de açudes, para recompor as matas ciliares ou mesmo no reflorestamento. O sistema de produção é também consorciado com leguminosas como o feijão que fixa nitrogênio no solo e retira nutrientes de camadas profundas, disponibilizando-os para as plantas.
A comercialização do algodão agroecológico está garantida para as empresas do comércio justo e solidário e a ADEC está lutando para garantir a comercialização dos outros produtos plantados em consórcio com o algodão (milho, feijão ,fava e gergelim). Hoje a ADEC recebe Certificação Orgânica do IBD- Instituto Bio Dinâmico.
Algodão, milho, feijão, gergelim, abóbora, melancia.. tudo numa mesma área, sem nenhum tipo de agrotóxico ou adubo químico. O sistema de cultivo do algodão em consórcios agroecológicos diversifica a produção e amplia a renda das famílias de agricultores familiares da região semiárida do Ceará.
Hoje existem poucos/as agricultores plantando algodão agroecológico e faz-se necessário, a ampliação das áreas de plantio com vistas à garantia de oferta do algodão agroecológico para atender a demanda existente.
A tecnologia em execução contribui para a Economia local a partir do fortalecimento e integração dos agricultores/as no processo de beneficiamento e comercialização, hoje existente. Além disso, este projeto é orientado para a conservação ambiental e responsabilidade social, contribuindo dessa maneira para o fortalecimento de homens e mulheres, no âmbito econômico, político e social.
Para a economia local a tecnologia possibilita ainda considerável melhoria na qualidade de vida da comunidade onde está inserida, visto que propiciará aumento na renda familiar dos grupos beneficiários, diretamente envolvidos além de que, tem reflexo em toda a região na medida em que ajuda a evitar o êxodo rural.
A tecnologia ainda apresenta vantagens competitivas de produzir produtos ecologicamente corretos, oriundos da agricultura familiar, sustentável e orgânica, além de Responsabilidade Social pela preocupação com a qualidade de vida dos produtores e dos consumidores, a partir da produção sustentável que se apresenta como ecologicamente correta e saudável.
Recursos Necessários
Para implementar a tecnologia, desde as Reuniões de Sensibilização e Cadastramento dos\as agricultores\as para o plantio dos Consórcios Agroecológicos, Visitas para escolha das áreas para o plantio e distribuição das sementes, Acompanhamento Técnico para confirmação do plantio, aplicações das técnicas de conservação de solo, manejo de pragas, raleamento e colheita dos produtos e realização das Oficinas Sobre Manejo de Consórcios Agroecológicos: agroecologia e manejo do solo, é necessário transporte (moto e carro), gasolina, revisão no carro e na moto e compra de peças e pneus. Tambores, pulverizadores, baldes, cultivador à tração animal e sementes para o plantio diversificado do algodão, com culturas alimentares como milho, feijão gegerlim ou ainda espécies forrageiras. Ainda é necessário uma infra estrutura de apoio, com computador, internet, telefone, água, energia elétrica e as máquinas para o beneficiamento da produção, principalmente do algodão e do gergelim, além de alguns insumos naturais utilizados (adubos orgânico de animais, muda de plantas, defensivos naturais, etc), que na maioria dos casos é contra partida dos próprios agricultores/as associados/as.
Resultados Alcançados
- Melhoria do nível de renda dos agricultores/as associados através da venda do algodão agroecológico e de outros produtos;
- Beneficiamento do algodão e processamento do gergelim como forma de agregar valor a esses produtos;
- Maior autonomia nas relações com o mercado, na medida que comercializam diretamente da Associação para os empreendimentos do Comércio justo e Economia Solidária;
- Promoção de mudanças comportamentais com relação às questões ambientais, relações de gênero e princípios do comércio justo para os associados.
- Promoção de um novo conceito de gestão associativa e economia solidária, considerando a igualdade e desigualdade entre homens e mulheres;
- Desenvolvimento de processos produtivos adequados para o desenvolvimento sustentável;
- Aumento da produtividade do algodão agroecológico por agricultor;
- Diversificação da cadeia produtiva dos produtos da agricultura familiar, principalmente do algodão;
- Agricultores capacitados em Agroecologia e produção sustentável.
Além dos ganhos econômicos e ambientais que a tecnologia do sistema de cultivo do algodão em consórcios agroecológicos, estabeleceu uma nova forma de comercialização da pluma, pois antes o algodão era vendido a preços mínimos para atravessadores e hoje é comercializados para empreendimentos do comércio justa e da economia solidária, com preços superiores aos praticados no mercado e com garantia de compra. As culturas alimentares são para o consumo familiar e o excedente é comercializado em feiras orgânicas da agricultura familiar. A diversidade de vegetais no sistema garante um melhro ocntrole das pragas do algodoeiro pelos seus inimigos naturais, mantendo o equilíbrio do ecossistema.
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